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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Ilhas de ferro estratégicas para a conservação

Imagem de campos rupestres, na Estação Ecológica de Arêdes.

Olá a todos. Hoje veremos um pouco sobre  um dos cenários mais desafiadores para a conservação ambiental no Brasil, a proteção dos ambientes de Canga, ambiente raro e em risco de ser dizimado. Na Estação Ecológica de Arêdes existem campos rupestres sobre quartzito e sobre canga. Os campos rupestres são ecossistemas encontrados sobre topos de serras e chapadas de altitudes superiores a 900 m com afloramentos rochosos onde predominam ervas, gramíneas e arbustos, podendo ter arvoretas pouco desenvolvidas. Em geral, ocorrem em mosaicos, não ocupando trechos contínuos. Apresentam topografia acidentada e grandes blocos de rochas com pouco solo, geralmente raso, ácido e pobre em nutrientes orgânicos.  Em campos rupestres existe grande ocorrência de espécies vegetais restritas geograficamente àquelas condições ambientais (endêmicas).




Área de campo rupestre sobre quartzito, na Estação Ecológica de Arêdes.
    

Área de campo rupestre sobre canga, na Estação Ecológica de Arêdes.

 Embora extremamente frágeis os campos rupestres sobre quartzitos encontram-se bem protegidos em relação aqueles sobre Canga ou Itabiritos. Estes últimos constituem uma formação vegetacional frágil, com espécies diferentes daquelas que ocorrem nos quartzitos e com maior índice de endemismo.


Imagem da espécie endêmica Arthrocereus glaziovii, na Estação Ecológica de Arêdes.

As cangas são afloramentos formados há milhões de anos resultante do intemperismo de rochas ferríferas subjacentes - tais como os itabiritos e diamictitos ferruginosos - e posterior enriquecimento de ferro, resultando em couraças que podem atingir dezenas de metros de espessura e se estender por milhares de hectares. As couraças ferruginosas localizam-se predominantemente no estado de Minas Gerais, principalmente no Quadrilátero Ferrífero e ao longo da vertente leste da Cadeia do Espinhaço.



Orquídeas sobre a canga, na Estação Ecológica de Arêdes. 
Os afloramentos ferruginosos fornecem serviços ecológicos vitais, não apenas para o ambiente natural, mas também para a população humana. As cangas agem como importantes áreas de recarga hídrica. Devido à enorme quantidade de poros, fendas, fissuras, canais e cavidades existentes nesses solos, elas funcionam como verdadeiras esponjas, transferindo com eficiência a água da chuva para o interior das montanhas. No Quadrilátero Ferrífero, as cangas e formações ferríferas abaixo delas constituem o principal sistema de aquíferos, que armazenariam – estimativa obtida por estudos geológicos – cerca de 4 bilhões de m3 de água. Esse geossistema contém milhares de nascentes e vários mananciais que abastecem a região metropolitana e interiores próximo a Belo Horizonte.


Área de campo rupestre sobre quartzito, na Estação Ecológica de Arêdes.
                         
 O Brasil é o segundo produtor mundial de minério de ferro. Em 2010, foram extraídos no país cerca de 370 milhões de toneladas. A maior parte (cerca de 65%) foi produzida no Quadrilátero Ferrífero, que concentra quase 80% das minas de extração de ferro do país. Atualmente, as áreas outorgadas oficialmente às empresas mineradoras de ferro abrangem cerca de 300 mil km² do território brasileiro, e nelas situam-se mais de 99% dos afloramentos de canga. O Plano Nacional de Mineração, publicado em 2010 pelo Ministério das Minas e Energia, prevê vida útil máxima de 29 anos para todas as reservas lavráveis de ferro conhecidas no país sendo que menos de 1% das áreas de cangas estão incluídas em unidades de conservação. Lembrando mais uma vez, que mesmo assim, a Estação Ecológica de Arêdes corre o risco de perder a área de canga preservada que existe em seu interior, com a lei 21555/2014, que desafeta tacitamente estas áreas para a exploração mineral.


FONTES:
Site da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

 Flávio Fonseca do Carmo
Felipe Fonseca do Carmo
Iara Christina de Campos
Programa de Pós-graduação em Ecologia,
Conservação e Manejo da Vida Silvestre,
Instituto de Ciências Biológicas,
Universidade Federal de Minas Gerais
e Claudia Maria Jacobi
Departamento de Biologia Geral, Instituto de Ciências
Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais
Artigo publicado na revista Ciência Hoje




Imagem da Estação Ecológica de Arêdes. (foto tirada em dezembro de 2012).


                       "Olho por olho, e o mundo acabará cego".

Mahatma Gandhi








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